1187
ALMA E CARNE
23/07/20
Muito embora, a dor mastigue a alma,
é à carne, que ela consome, dando-lhe
pequenas mordidas espaçadas,
porém certas e doídas.
Mesmo que não se veja, o espinho
cravado, que lacera a mucosa sensível,
faz verter sangue e lágrima invisíveis.
Da alma, o espinho tira-lhe a calma,
faz sangrar e chorar para dentro,
mesmo que a boca arrisque um sorriso.
Tudo que à alma incomoda, um dia
saltará à carne, fazendo-se sentir,
num inexplicável e profundo desconforto.
Senão, num martírio lancinante e aparente,
ao menos, o fará em espasmo involuntário,
secreto e encoberto, que espicaça
o bem estar da própria alma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário