sábado, 25 de julho de 2020


1189

A CADA UNO, SU HISTORIA
25/07/20







Puedo llevar el taza de agua a su boca, pero sólo usted podrá tomarla. 
No puede calzar mis zapatos y caminar mi camino ... ni puede vestir mi piel y sentir lo que siento.

Tendrá sólo, un atisbo confuso de todo eso, a través del que muestro por las vidraças embaçadas de mis ojos.

atisbo: vislumbre

___________________________________


Os 7 Lemas
3. VIVER E DEIXAR VIVER – …A intromissão na vida dos outros, aos quais muitos de nós procuramos impor, embora às vezes de forma inconsciente, a maneira pela qual achamos que devam agir, é mais uma das manifestações da natureza egocêntrica e prepotente do neurótico. Esquecemo-nos facilmente de que nossos semelhantes também têm, como nós, o direito de decidir de sua própria vida . Igualmente nos esquecemos de que, por mais que queiramos, não conseguiremos modificar o modo de proceder de uma pessoa, a não ser que ela mesma o deseje e decida fazer…


1057   

TRISTE RECUERDA
08/09/18





Tus oídos no escuchan, tus ojos no veem, tu lengua sólo juzga, tus manos ejecutam.  Quién eres tu?  Sordo, ciego, estás vivo, eres humano o carrasco?

1188

DA ESCURIDÃO PARA A LUZ
25/07/20



A porta se abriu - onde antes, não havia nenhum sinal de que existisse uma - tive que transpor seu limiar.  Depois de tanto tempo pedindo uma saída -  seria estúpido de minha parte, não entrar pelo portal que se abria à minha frente, dando-me acesso a um novo caminho, ainda desconhecido, mas bem iluminado. Qualquer coisa, era melhor do que permanecer, um segundo a mais, na inércia em que me encontrava, naquele espaço bem reconhecido, de desconforto e descontentamento, com meus pés atolados na prostração.

O curioso é que se abria, de dentro para fora, da escuridão para a luz. A luz que estava à frente, era a mesma que iluminava tudo à volta, enquanto eu caminhava em sua direção. Depois de tanto tempo de marasmo, eu percebia um oceano inteiro brilhante e convidativo, a instigar-me novas viagens.  Sentia, que meus pés eram capazes de caminhar, firmemente, outra vez.  A esperança voltara a circular pelas minhas veias e artérias. 

Essa era a prova de que oração e paciência, são coisas que justificam sua utilidade e a sua própria existência.



quinta-feira, 23 de julho de 2020

1187

ALMA E CARNE
23/07/20




Muito embora, a dor mastigue a alma,
é à carne, que ela consome, dando-lhe
pequenas mordidas espaçadas, 
porém certas e doídas.

Mesmo que não se veja, o espinho
cravado, que lacera a mucosa sensível,
faz verter sangue e lágrima invisíveis.
Da alma, o espinho tira-lhe a calma,
faz sangrar e chorar para dentro,
mesmo que a boca arrisque um sorriso.

Tudo que à alma incomoda, um dia 
saltará à carne, fazendo-se sentir, 
num inexplicável e profundo desconforto.
Senão, num martírio lancinante e aparente, 
ao menos, o fará em espasmo involuntário, 
secreto e encoberto, que espicaça 
o bem estar da própria alma.


segunda-feira, 20 de julho de 2020

1186

ATÉ QUE ...
20/07/20





Dança a lua trêmula, na noite do mar gelado.
Tremeu a flâmula, solta ao vento cinzelado
fez brilhar uma chama, no céu, dependurada
riscando um ideograma, na escuridão obturada.
Dançará a luz, à superfície, até que o mar a alicie.
A chama, luziu no breu, até que o dia a escondeu.


cinzelado - requintado, delicado
ideograma - símbolo gráfico, abstrato
obturada - fechada
luziu - brilhou


sábado, 18 de julho de 2020

1185

MAIORES DO QUE EU
18/07/20




Quis chacoalhar, bater, esbofetear, para ser ouvido e não apenas por ouvidos -  mas não o fiz. Gritei, esbravejei, ofendi - ah isso eu fiz, porque afinal, também sei fazer!  Eu quis, no momento de maior indignação, colocar um 'implante' na cabeça da pessoa, com todos os meus pedidos justos - impossível.  Pensei, em enfiar uma faca, cuidadosamente, entre duas costelas paralelas, e atingir em cheio aquele coração surdo, para saber se ele era capaz de sangrar como o meu sangrava - outra coisa que também não fiz.

Depois de um tempo bem razoável (muito razoável), não senti mais a necessidade de nenhuma medida a ser tomada, apenas deixar tudo como estava.  A situação seguiria o seu curso, com ou sem a minha intervenção.  Nenhuma revolta ou desejo de vingança existia dentro de mim.  Olhava a situação, ela vazia de emoção ou sentimento, e eu também.

Finalmente, eu me via fora dela.  Concluía que não havia mais nada, que eu ainda pudesse fazer, que não tivesse sido feito, para modificá-la.  Foi preciso reconhecer, que há situações que não podemos modificar, em especial aquelas que não dependem só de nós. Aprendi, que algumas são assim, grandes, muito maiores do que eu.


1184


MUITO MAIS DO QUE DUAS
18/07/20





Acordar no meio da noite, sem saber a hora que é, é extremamente desagradável.

A cabeça passa a pesar mais do que o meu próprio corpo. Ela se põe a trabalhar, acorda todo o resto, dando-lhe alguns comandos aos os meus sentidos adormecidos, altera batimentos cardíacos, as pernas querem movimento, o estomago reclama comida, a bexiga precisa ser esvaziada, ideias surgem numa fecundidade e velocidade espantosas - o resultado é: que é impossível achar uma posição confortável, para permanecer na cama, embora esteja muito boa. É como ter um cavalo descansado, enquanto sozinho, puxa a carroça, ainda precisando de reparos/refazimento, forçando-a a rodar por caminhos cheios de pedras e buracos. 

Uma ideia se acende, puxando uma segunda, e assim vai, fervilham todas juntas, muito mais do que duas, parecendo crianças inquietas e barulhentas, presas dentro de casa, num dia chuvoso.






1183
AH! SE A GENTE PUDESSE!
11/07/20



A dor é inerente à vida - a primeira luz, a primeira respiração, o primeiro alimento, tudo é sentido, dolorosamente, após sairmos do útero. Reagimos às nossas primeiras sensações de dor, com choro e desespero, quando nossos órgãos, ainda não usados, passam a executar funções, para as quais foram destinados.

A medida que o tempo vai passando, somos apresentados a novos tipos de dor: a uma dorzinha de ouvido, a dor do crescimento. E assim, vamos nos acostumando a suportá-las, porque a maioria delas, vem e vai. 

Às vezes, bem mais cedo do que gostaríamos, vamos tendo contato com outras dores, as que não são físicas - que ninguém sabe que dói, mas dói.  Essas são as piores, pois contra elas não existe analgésico ou unguento conhecido.  Podemos até fazer de conta, que não estamos sentindo nada, mas ela não vai embora, e em algum instante, vai minar a nossa capacidade de tolerância.

Mais crescidos, passamos a fazer nossas escolhas e algumas delas, não são as mais felizes. Em consequência, podemos ir ao encontro de uma dor, que faz parte do caminho escolhido, e além de padecermos dela, temos a plena consciência, de que somos os responsáveis por ela.

Ah! se a gente pudesse colocar uma dor terrível, dentro de uma caixa de vidro, hermeticamente fechada e transparente, e nos fosse possível olharmos para ela, conservando-a distante de nós, não permitindo que ela nos atingisse, de forma tão impiedosa!  Mas ela está dentro de nós, não tem como fazermos essa separação, o sistema nervoso emocional, também é todo conectado, senão com nervos de material vivo, mas com ligações de outro tipo de material, tão sensível quanto os nervos de carne.

A dor emocional é um espinho, que alguém colocou em nós, e que deixamos que ficasse lá.  Só nós é que podemos retirá-lo. 

Quanto à ideia da caixa de vidro, pode nos servir como um artifício (por um minúsculo lapso de tempo, se possível), que podemos usar, para analisarmos do que é feito o espinho, porque ele nos fere tanto e como podemos retirá-lo?





sexta-feira, 10 de julho de 2020

1182

DANÇANDO SOB A LUZ
10/07/20



Desvio levemente, o meu olhar à direita, como querendo obter uma visão 3D, de minha própria figura, de perfil, a mirar-se no espelho.  Acompanho o volume dos cabelos, um cacho mais teimoso; os cílios; os olhos sinceros; a generosa curva do nariz; a boca entreaberta.

Dentro do espelho, uma imagem holográfica se forma, uma cópia de mim mesma.  Aos poucos se enche de matéria, reagrupando os elementos, se condensa e se projeta para fora.  Ganha contornos definidos, consistentes e quentes; agregam vida, que desenha sombras, enquanto dança sob a luz.

Ao espelho, não é possível representar toda grandiosidade e calor da figura.  

À figura, tampouco, lhe interessa ver-se refletida por completo, sobre a superfície fria.  Nada além de uma imagem invertida e enganosa, seria vista.


1181

NESSA ORDEM
10/07/20



A maldade se transforma em feiura.  A intransigência se cristaliza em antipatia. A resistência, congela o sentimento e ação.

A feiura assusta, a antipatia afasta e sentimento congelado, mata.


quinta-feira, 9 de julho de 2020

MÃE

1180

MÃE
09/07/20

Recebe-me em teu colo, acolhe a minha dor, me protege e vela por mim, hoje e muito além do dia de minha passagem!

PAI

1179

PAI
09/07/20


Como filho teu, eu peço que possas estar comigo, em meus dias e noites.  Fortalece-me, de aceitar a tua vontade.  Afasta de mim o mal, que ainda não sou capaz de enfrentar sozinho! 

terça-feira, 7 de julho de 2020

69

UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO
FACA SEM CABO
07/07/20



Rejeição - senão o pior, é um dos piores sentimentos pra se ter, porque por maior que seja o problema, contar com alguém, pode ser todo o alento, de que se precisa pra superação da dificuldade enfrentada.  No caso de quem sofre  rejeição, esse apoio não é sentido, mas apenas a sensação de abandono e fraqueza, diante da adversidade.  A solidão intrínseca é sentida em todas as células do corpo, como também ecoa no reservatório vazio, que deveria conter, ao menos, um tanto de segurança.

Nasce na infância, por várias razões, legítimas ou não, mas a criança, sempre a entende como real, dentro da sua compreensão infantil.  Ela pode ser sentida ainda no útero, durante a gestação, quando esta não é bem vinda, por algum motivo.  É sensação que se traduz em sentimento, levado pra toda vida.  

Sentir-se à parte de algo, não incluído, ou não desejado, em tenra idade; pode por algum tempo, passar batido; mas em algum momento, uma situação que lhe cause um desconforto, semelhante ao sentido na infância, pode fazer aflorar a conhecida e tão temível sensação de desamparo.

É como tentar dormir numa cama quente, com um grosso cobertor sobre si, mas em algum ponto, esse mesmo cobertor deixa uma abertura, e se pode sentir o frio entrar, congelando as costas - é impossível dormir!

Geralmente, quem sofre rejeição, também rejeita um dia, principalmente, se não se dá conta do buraco que traz em si.  Haverá sempre uma 'criança', a procurar uma explicação, que justifique ter sido rejeitada, e como não encontra nenhuma, não é raro, que culpe a si mesma, de não ser boa o bastante, de não ser merecedora de atenção ou amor.  Tenho visto isso, os padrões se repetirem, de geração em geração, até porque quem foi rejeitado um dia, tem medo da entrega, teme novas rejeições, mais que tudo na vida, então, por defesa, permanece distante.

Eu só consigo pensar numa imagem: uma faca, que possui uma só lâmina bem afiada, com duas pontas e nenhum cabo.  Cada vez que é usada, fere dos dois lados.





sábado, 4 de julho de 2020

1178

MELHORES INTENÇÕES 
04/07/20



Não se ouviu a palavra.  O 'não', redondo, determinante, sonoro em seus poucos fonemas, não foi dito.  Mas ele ficou implícito, no discurso, em atitude e sentimento, podendo ser sentido, pairando, por toda atmosfera ambiente - num entendimento tácito.

Tentou-se transformar, pedras lançadas em pontes; mas as pedras eram muitas, não foi possível usá-las todas; além do que, as pontes construídas, levavam o nada a lugar algum.  

Eram tantas, as pedras, que começaram a se acumular, ali mesmo onde caíram. Foram levantando muros altos, pesados e largos, no espaço destinado à comunicação, soterrando as melhores intenções.

Os muros vieram separar fisicamente, o que já estava separado há muito.