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23/05/20
Os muros altos de uma fortaleza não evidenciam o quanto ela pode resistir, não são sinal de poder, mas sim de fraqueza. As barreiras físicas, sempre contém pontos vulneráveis e suscetíveis aos ataques.
Os portões sempre fechados; o fosso constantemente, enfestado de crocodilos; a ponte, o tempo todo suspensa - guardam, não mais que a pobreza.
Perdidos nos corredores escuros, estão os pensamentos, não menos sombrios, como almas penadas pela noite eterna. Espólios de guerras, armas dependuradas nas paredes dos aposentos, crenças empoeiradas e rotas de tão velhas, estão dispostos pelos infinitos cômodos a se perderem pelas muitas alas. São um culto à memória de suas antigas vitórias, mas que não servem de nada, para vencer as próximas batalhas.
Por mais que se acendam as inúmeras lareiras, por mais lenha que se queime, por mais que se atice o fogo, o frio permanecerá, dentro dos limites de pedra.
Os troféus que viraram amuletos, as fotografias que perderam a cor, as lembranças com gosto amargo, os baús abarrotados de tesouros oxidados - são a companhia desgostosa, de quem segue resistente, negando a entrada de luz e vida, no seu reduto.
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