quinta-feira, 21 de maio de 2020

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AOS POUCOS E SEMPRE
21/05/20




Daquela vez, eu chorei, por aquela e por outras tantas, em que não pude.  Percebi o quanto era fundo o poço, que guardava todas as minhas águas, debaixo da superfície, tampadas, com material grosso e ornamentado.

Tantas vezes, me mantive nas suas bordas, de ouvidos colados no chão, ouvindo o borbulhar das águas, sem destravar a tampa, sem dar vazão a elas ou aliviar a pressão, quando se agitavam.

Naquela vez, chorei quase tudo, ou quanto pude, não na totalidade que queria.  Os olhos e o nariz ficaram congestionados, a pele ardia pelo teor de sal das lágrimas que escorriam.  Eu teria o coração esmagado dentro do peito ou os pulmões cheios, em pouco tempo, caso não voltasse a recolocar a tampa.


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