TIC-TAQUICARDIA 503
Quanta taquicardia cabe num
instante de espera!!! Dentro do minuto -
mais que 60 segundos, dentro da hora - muito mais do que 60 minutos ... e ainda
assim ... entre um sol e outro – não chega a dar mais que 24 horas!
A expectativa que enche os
momentos de angústia, se arrasta em contas incontáveis de um rosário sem fim, deslizantes por dedos desesperados, orando pelos medos e misérias da humanidade – por seus passados e
futuros – sofridos e sentidos no presente.
Um tic-tac ... tec, toc e tuc –
vários sons dentro do mesmo espaço.
Algo aconteceu à minha percepção –
alterada na audição, na visão e na orientação espacial.
Pela minha imprevidência e
insegurança, abrem-se brechas no tempo (ou ao menos assim me parece) ... e por
elas escapa tudo aquilo que esteve guardado no passado.
As criaturas místicas vêm me assombrar,
algumas mostram a cara, outras não.
Há aquela que me ataca pelas costas,
passando uma ‘gravata’ no entorno do meu pescoço - posso sentir que sua massa
física é grande e a sua força descomunal.
Embora pareça ter mãos
humanas, tento quebrar-lhes os dedos, torcendo-os ... mas eles são borrachudos
e flexíveis e nenhum dano causo a eles ... só consigo gritar.
Sinto como se o tempo fosse
feito de elástico – ele não é – mas muda sua consistência – fazendo uma pressão sobre o meu peito e tracionando a minha própria conformação física. Isso é devastador, não sei dizer se o que sinto é falta
de ar ou excesso dele.
Esperar é engolir cápsulas
secretas – bolhas surpresa - que ora explodem e expelem ar ... ora abrem
suas películas para sugarem o ar que respiro.
Algumas são cheias, outras vazias. As que roubam meu ar, querem a minha morte ... as que despejam ar nos meus pulmões ... também provocam a mesma sensação ... porque o que expelem é um gás tóxico e desagradável.
E os meus pensamentos que já não eram muito confiantes ... ficam mais alucinados ainda ... sofro as agruras de uma tempestade magnética em minha mente.
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