quinta-feira, 25 de julho de 2024

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DAS PALAVRAS ÀS IMAGENS

Há palavras que não exprimem uma representação fidedigna das coisas, porque têm coisas que não podem ser descritas ou traduzidas em palavras.  ‘Silêncio e nada’ são ideias que nos remetem às sensações e sentimentos, e não ao vácuo que elas pretendem representar.

O silêncio não é ausência de sons, longe disso, ele pode ser preenchido de diálogos intensos, barulhentos e confusos; na verdade o silêncio só é desprovido de palavras.  O 'nada' é algo muito vago ... se o nada é a ausência de coisa alguma, é justamente, à ideia de falta que ele nos conduz - o nada é quase tudo, menos aquilo que queremos.  Impossível conceber e alcançar essas duas imagens concretas, a partir das palavras que tentam dar-lhes definição e significado; o máximo que conseguem é pincelarem uma interpretação incompleta e fingida.

Não há espaço em branco ou a ser preenchido.  A falsa sensação de vazio ou de inexistência, que essas palavras querem nos fazer crer, nos leva a imaginarmos uma infinidade de ruídos que cabem dentro do silêncio, e a uma quantidade absurda de elementos que podem compor o nada - exatamente o oposto do que intencionam nos dizer, as insuficientes: 'silêncio e nada'.


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