quinta-feira, 23 de maio de 2024

1654





MORADA DA NOITE

Sentei-me à beirada da noite.  Deixei o meu corpo cair para dentro dela - deslizar sobre sua escuridão acetinada e fria.  Foi como se mergulhasse num oceano vazio, mas fui  afundando aos poucos, como se algum fluido transparente oferecesse resistência ao peso dos meus ossos e carne. Pareceu-me,  que eu derretia manteiga, sob meu peso quente, deixando sulcos atrás de mim.  Ironicamente, escorreguei, em vez de subir para o céu - morada da noite.

Quanto à minha consciência,  não houve resistência nenhuma, ela nadou ou voou, ñ  sei bem ao certo, mas a sensação que tenho, é que ela chegou ao fundo ou ao alto(?), muito antes do que eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário