quarta-feira, 31 de maio de 2023

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AI! QUE SAUDADE DO CAROÇO!

Onde foi parar o caroço, que vinha dentro do caqui?  Eu lembro bem, que ele constumava ser grande e quase preto.  Lembro também, que em casa, comer caqui era festa, não pelo gosto dele, mas pelo segredo que ele trazia depois de comido - o que estava dentro do caroço.

Meu pai era o único que conseguia descascar a laranja direitinho, numa faixa contínua, da mesma largura, até o fim, formando uma cobrinha toda enrolada em volta do nada.  Mas quanto a desvendar o mistério do caroço do caqui, minha tia era quem tinha a habilidade: abri-lo, gentilmente com uma faquinha bem pontuda, sem danificar nenhuma das metades, que se soltavam e revelavam o que traziam escondido. Durante alguns minutos, havia silêncio e expectativa, para depois nos causar surpresa.

Dentro da semente bipartida, havia um pequeno filamento branco, mas para nós, podia ser uma faca, um garfo, uma colher - dependendo do formato que apresentasse.  Nos divertíamos com tão pouco!  Não sei se era só pela imaginação, que víamos esse   'negocinho' dentro dele, mas que havia caroço ... ah! isso havia!  O que fizeram com ele?  Será que teve o mesmo fim dos caroços das uvas?


arte __ asili

sexta-feira, 26 de maio de 2023

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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO - CÃES E CERCAS

Somos especialistas em criar perímetros imaginários, dentro dos quais esperamos que as nossas relações se manifestem.  Traçamos algumas linhas definidas, em cuja área interna deve 'se dar' a interação social.  Fazemos isso, com base no nosso conhecimento e discernimento, de como esta deve ser, de acordo com a maneira que entendemos e esperamos ... sem considerarmos a ligação que o outro tem conosco, o seu grau de comprometimento e suas próprias considerações a respeito.

Ao desenharmos essas linhas imaginárias (nem por isso menos rígidas), estamos automaticamente, criando pequenos e grandes guardiões, sob a forma de cães que guardam ferrenhos, os seus limites, ladram a todo instante e tentam tanger o comportamento alheio, para que se dê dentro do espaço delineado.  Junto com as linhas, escrevemos e oficializamos regras de conduta, que devem ser seguidas por todos.

Dessa forma passamos a tratar o que é espontâneo e imprevisível, como coisa pré-calculada e acertada, esperando que se comporte de acordo com a nossa racionalidade - na maioria das vezes nada realista.  O diálogo pode não ocorrer de maneira satisfatória, apesar de acreditarmos nele.  A ação ou reação do outro, se localiza em território que nos é inacessível; muitas vezes, nem ele mesmo é capaz de prever como vai agir ou reagir.

É inevitável que a decepção ocorra, quando tomamos como certo, uma coisa futura, fora do nosso domínio - por melhor que tenha sido a nossa intenção, cordialidade, empenho ou envolvimento ... pois é impossível termos certeza, sobre que tipo de conexão de fato,  está sendo  estabelecida com o outro.

Entendo que certos limites são necessários à interação, quando se trata do respeito que deve ser observado, o tempo todo.  Porém, esses limites podem se transformar em armadilha para nós mesmos, como cercas de arame farpado, para as quais nos arremessamos, quando esse espaço se torna pequeno. Não cabendo mais dentro dele, percebemos, que não serve nem para nós, seus idealizadores. Se o outro transgride, não podemos oferecer garantias, de que também não seremos transgressores!










sexta-feira, 19 de maio de 2023

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DE AGORA EM AGORA

Eu vivo entre dois tempos. Eventualmente, esqueço um pé no passado, embora já tenha saído de lá.   Sem ele é impossível manter o equilíbrio, onde preciso - com um pé só, no agora, dou adeus à estabilidade.  

Às vezes, posso esticar um olho no futuro ... mas com um olho só, é difícil de enxergar bem o que me acontece, onde o resto do meu corpo ainda está.  Além do que, um pé no passado não faz a menor diferença, não muda nada do que aconteceu e um olho no futuro não apressa as coisas, nem o tempo.

A vida acontece de agora em agora, e é preciso ter os dois pés e os dois olhos juntos, para que ela seja plena.  Digo isso em primeiro lugar, para meus dois ouvidos.  Apesar de ter 'dois de cada', existe uma parte que é unica - há apenas um só coração, que nessa estória, entende que precisa dividir-se.

 

arte __ peter callesen




quarta-feira, 17 de maio de 2023

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SOB OS OLHOS DO OBSERVADOR

Seu olhar me incendeia, viro um amontoado de partículas, transformadas num feixe enorme de ondas fervilhantes ... e você (?) ... o meu observador (! ), que as atravessa sem nenhum medo ou pudor. O som da sua voz ecoa em pontos profundos da minha memória auditiva, tocando algumas notas sobre fragmentos esquecidos.  Seu cuidado enlaça minha alma e acorda antigos e doces desejos.  Seu abraço me transporta a um território neutro, quente e seguro.


arte __ angelo kalfopulos

quinta-feira, 11 de maio de 2023

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PESOS E FARDOS 

Num primeiro enfoque, podem parecer sinônimos. 

Peso é a força exercida por um corpo, sobre qualquer superfície que se oponha à sua queda, é relativa à lei da gravidade, que nos mantém ’grudados’ à Terra.

Fardo, pode ser considerado como algo pesado, porém é o peso ao qual se custa suportar, e que exige maior cuidado e responsabilidade.

Diante dessas definições, é possível perceber uma desigualdade de grandeza, proporção e propriedade entre os dois termos.  Um peso é aquilo que eu não posso me livrar; enquanto fardo, é algo que escolho carregar ou não ... e para tanto, preciso de uma carroça ou outro meio de conduzi-lo junto comigo.

O peso do meu corpo e das minhas mazelas é intransferível, nem posso delegar à outra pessoa, a culpa por carrega-lo ou a responsabilidade de torna-lo mais leve. 

Concluo que fardos são coisas opcionais; já os pesos, é justo que sejam colocados sobre nossas costas.  


arte __ rafal olbinski


segunda-feira, 8 de maio de 2023

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RÉDEAS E ARREIOS

Quem cresce junto aos cavalos, habitua-se aos relinchos e considera os coices, uma forma legítima de manifestar descontentamento.   Faz das botas que usa, cascos e da sua voz, um instrumento para imposição de sua vontade.  Cavalos são cavalos, homens são homens – sem ofensa aos cavalos, é claro!

Irracionais, os cavalos dependem de um homem para conter seus ímpetos selvagens – serem domados.  O homem, através da racionalidade, deve saber amansar seus instintos congênitos – conter-se a si mesmo - mas isso, só se quiserem!  E quando isso não foi possível, faltou-lhe, em tenra idade, alguém que lhe ajudasse a fazê-lo. Alguns se recusam a sair da estrebaria, por toda uma vida, independente das feridas que causam e das pessoas que afastam.

Tomara você me entenda, nas figuras de linguagem que usei, para me fazer entender – a mim me parece, que mais clara, impossível.

domingo, 7 de maio de 2023

1590

 


LO QUE NO SE CUENTA

Cansado de ver imágenes rojas y cerradas, mis ojos cansados ​​se, levantaron para ver los cielos abiertos y brillantes, superpuestos y interconectados por estrechos pasajes. Fui uno a uno, buscándote, escuchando una canción sin letra, mensajera sincera y inteligible que trae a los oídos una historia no contada - de palabras no dichas, pero de sentimientos - imposibles de silenciar, usan el único lenguaje que es viable.  És una melodia non cantada, como se fuera un libro sólo de imágenes.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO __ O DONO DA BOLA E O FIM DO JOGO

Certas pessoas se julgam 'Os Donos' da bola.  Brincam, quando querem e a recolhem, se a brincadeira não lhes favorece.  Hoje falarei sobre isso - das pessoas que dão muito mais importância à 'Posse' da bola, do que para a brincadeira em si ou para a própria bola - transformando-a em símbolo de poder.  É importante lembrar, que em cada jogo, só há um Dono ... dois Donos nunca jogam juntos, porque com meia bola não se joga e jogar com duas é impossível.

No início da brincadeira parece que as regras são justas e comuns, para todos os lados - a coisa transcorre em diversão e leveza: a bola passa de mão em mão ou de pé para pé, é valido inclusive, uma cabeçada aqui, um matar no peito ali.   Aos poucos vai-se percebendo, que certas regras servem para quase todos os participantes, menos um: aquele que se intitulou 'dono' e apossou-se do artefato em questão - a bola, que em lugar de ser um instrumento de interação sadia, passa a ser objeto de disputa, gerando confronto e hostilidade.  

À essa altura do jogo, a coisa fica tediosa, pois é clara a intenção tendenciosa, uma predileção imposta, de beneficiar apenas um jogador, para quem deve haver sempre um atenuante e desculpa, para qualquer comportamento menos cortês ou devido. 

Ao se darem conta da dinâmica estabelecida, da manipulação de regras e permissões, os demais participantes demonstram uma legítima indignação, quanto à forma de se conduzir a folia: pela falta de reciprocidade, pela falta de respeito e pela absoluta falta de graça, que toma conta da brincadeira, altera a natureza do grupo, antes tão harmônico e alegre, agora discordante e irritadiço. 

É nessa hora, em que, o autoproclamado 'Dono' da bola dá um fim ao jogo, retirando-se, birrento, com a bola debaixo do seu braço - retornando à idade emocional, em que permanece estacionado.


P.S.: Para ficar bem claro, do seu interesse 'momentâneo' pela bola, às vezes, não satisfeito em dar fim ao jogo, ele simplesmente, estoura e rasga a bola.