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A SERVIÇO
Viajo por vidas, de uma à outra, de modos um tanto diferentes,
mas que se atrelam umas às outras, numa continuidade compreensível, se
analisadas todas juntas e na sequência.
Por épocas e indumentárias, locais e propósitos, todos diferentes, sigo junto aos que me rodeiam; formamos uma espécie de companhia teatral itinerante. Ao mudarmos de palco e espetáculo, constantemente, com temas e performances variados, cumprimos um roteiro prescrito, que vamos modificando e atualizando, pouco a pouco, de acordo com a interpretação e desfecho dos atos que o compõem.
Nos revezamos, nos alternando na representação dos personagens - ora protagonistas, ora meros coadjuvantes no cenário geral - às vezes mocinhos, às vezes vilões, mas todos com o mesmo empenho e valor. Ninguém é 100% mau, ninguém é 100% bom, o ser humano é um número infinito de mesclas de bondade e maldade. Subimos em palcos iluminados, improvisamos sobre picadeiros enfeitados, em qualquer espaço privilegiado ou descemos à qualquer reduto ordinário, porém tudo serve à depuração da essência e à evolução.
É preciso encarnar todos os componentes da trama,
para saber o que se sente, quando estamos dentro da pele de cada um deles;
porque para ser um bom ator, não deve existir nenhuma limitação de aprendizado.
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