domingo, 10 de janeiro de 2021

1285





AO MESMO MAR
09/01/21

Achegou-se, muito perto, tocou-me profundo e fez-se parte do pensamento, do sonho.  Temi que eu ficasse subjugado e depois, de mim se afastasse, me deixando desconexo, por uma atenção retirada ou imerecida.  

Ou que fosse uma delicadeza finita, que com o tempo acabaria resfriada, caída no esquecimento, me devolvendo ao mar das ondas vorazes.  Foi um medo justo e natural, de quem se arrisca a abraçar um destroço à deriva, quando se está longe da costa e que a qualquer momento pode afundar.  Não que considerasse a você, como sendo um destroço inerte a vagar, mas como alguém, que me oferecia braços vigorosos, quando os meus já estavam cansados de nadar.

Foi tudo isso, intenso e cativante; arrebatador e ao mesmo tempo, asfixiante.  Estou de volta ao mesmo mar, com outras ondas, talvez, não tão violentas, porém ameaçadoras, que testam a minha capacidade, de me manter acima do nível de suas águas, por fortes e rápidos movimentos, mantidos por longas e arquejantes respirações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário