quinta-feira, 12 de outubro de 2017





SEMENTES E ESCOLHAS  ____________________________ 538




arte: seraphima blondaski



Houve um tempo em que eu via flores onde elas não existiam.

Hoje, eu valorizo a semeadura e o meu tempo de colheita, pois é preciso um solo capaz de acolher as sementes e acobertar-lhes o milagre da transformação.

Porque há terrenos áridos que sequer farão germinar uma semente, antes que se corrija suas deficiências de solo, remexa a sua terra e que sejam devidamente aguados.

Como não tenho meios de adubá-los, remexê-los e fazer chover sobre eles, eu as guardo.

Persistir no cultivo desses locais é desperdício das próprias sementes, do meu tempo e do meu empenho sob sol escaldante.

Eu abri mão dos jardins imaginários em favor dos possíveis.






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