terça-feira, 6 de maio de 2025

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UM OLHAR  SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO

OLHOS E OUVIDOS RASOS


Aos olhos que não querem enxergar, é inútil usar de uma excelente imagem, para fazê-los entender.  Aos ouvidos que se negam a escutar, desnecessário é a melhor explicação ou uma só palavra.  Porque estão condicionados a não executarem nada mais do que as capacidades funcionais dos órgãos.


Obedecem a um mecanismo de defesa, que impede que as informações cheguem ao emocional, sendo mantidas no racional: se veem é para se atualizarem, se ouvem é só para responder. Em lugar de um filtro, existe um bloqueio, entre o que veem e ouvem, e o que deveriam transformar em sentimento.  São olhos e ouvidos rasos.


As tentativas infrutíferas de forçar um entendimento causam profundo estresse, porque constantemente, o interlocutor se sente frustrado, mas não percebe que a cegueira e a surdez são do outro, e não incapacidade sua. Não são apenas esses dois órgãos que estão bloqueados, existe uma vasta rede que se encontra deficiente. Se recusam à troca saudável e condenam-se à exclusão e à solidão.


É impossível bater à porta desse interior, porque nem se sabe onde ela está?  Obviamente que está trancada por dentro, e a menos que um dia ele resolva destrancá-la, ninguém entrará.


quinta-feira, 24 de abril de 2025

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EU E O ECO

Tive medo de olhar-te nos olhos.  Temi ser traído pelo sentimento guardado - que ele ficasse evidente, através das janelas da minha alma; e assim, eu seria descoberto. Preferi lançar-te olhares dissimulados - não falsos(!), mas envoltos numa névoa fabricada, para ofuscar a transparência do vítreo.  Só Deus sabe o quanto me custou!

Do contrário, nem sei o que faria, talvez eu negasse, veementemente … ou confessasse, num ímpeto de coragem.  Porém eu quis evitar, forçar-te a uma resposta ou posicionamento.  Pois nem mesmo eu sei, como cheguei a isso(!), como pude dividir a minha vida em duas partes: uma antes e outra depois de ti!   Vivo no ‘entre’, num espaço às vezes espaçoso, às vezes espremido, separado por dois limites finos.   Ah!  O entre!  Lugar onde eu revivo todas as emoções.  


Comparo o que se passa comigo, com uma festa. Dentro do ‘entre’, eu experimento, toda a expectativa, do tempo que a antecede, o entusiasmo crescente.  Rememoro o dia e o momento exatos dela, cada detalhe, com toda a alegria, movimento e brilho.  Até que me deparo com a bagunça que ficou, a casa vazia e escura, tudo o que restou dela, eu e o eco da minha voz.


segunda-feira, 24 de março de 2025

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DE BURACO EM BURACO

Era para ser um agradecimento puro e simples, pois completei ontem, mais um ciclo de vida; mas acabei indo fundo, e falei sobre a linha circular que desenhamos, subindo em direção à evolução, enrolando-se em um eixo vertical imaginário.

Nos parece que andamos em círculos, e andamos mesmo, círculos ascendentes, quase nem percebemos a nossa ascensão, de tão lenta que ela é.  De tempos em tempos, as mesmas dificuldades nos alcançam, não importa o quanto tenhamos caminhado; travestidas e com uma outra face, nos vêm assombrar, de novo a trajetória.


À cada nova investida, estamos um pouco menos vulneráveis a elas, porque nos encontramos em um outro ponto, diria eu: um pouco menos suscetíveis aos velhos desacertos.  Colocarei assim, ‘desacertos’, porque aprender a fazer o ‘certo’ é coisa que requer muita transpiração de nossa parte e muita determinação para continuarmos a enfrentar as nossas próprias fraquezas.  Ninguém se fortalece de um dia para o outro.


A boa notícia é que, junto com essas novas investidas, nos vêm também, um pouco mais de experiência adquirida.  A nossa vida é cíclica e devemos nos negar a repetirmos os mesmos erros, já que de nada teriam servido os apuros anteriores e o aprendizado cairia por terra.  Afinal, buraco conhecido deve ser tampado ou ao menos, sinalizado.


quinta-feira, 6 de março de 2025

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‘QUEM CORRE DE GOSTO, NÃO SE CANSA’


Era o que minha avó dizia, mas eu não imaginava, como isso seria possível.  


Correr é óbvio, cansa sim. O ‘correr’ aqui, significa fazer algo - ‘os corre’ da vida.  ‘Correr de gosto’ é fazer motivado, com paixão e convicto.   Não se cansar ‘correndo de gosto’ é não se desgastar tanto, atingindo a satisfação e a realização com o feito.


Ufa!  Demorou, para que eu entendesse, sobre o que ela falava!  




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RAZÃO E AS RAZÕES

Ele é sentimento puro. Não se deixa guiar pelas convenções, não avalia as possibilidades; e  se assim o fizesse, já não seria mais, ele, quem fala.  Por isso, muitas vezes, ele grita e se coloca tão longe da razão!  Diametralmente opostos, ele carrega ‘razões’ que ela própria desconhece. Ingênuo?  Louco?  Inconsequente?  Nada disso, ele está sempre à frente, de tudo o que ainda não nos foi revelado!


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

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PEDIDO DO DIA

Que eu não fique tempo demais, onde não deva.  Que meus ouvidos da alma estejam sempre limpos, para escutar a voz que me fala diretamente.  Que não me falte coragem para seguir minhas boas resoluções, além de qualquer resultado.  Que a paz tenha morada em mim.  Que os maus olhos não me vejam, porque o único mal com o qual posso lidar é o meu próprio.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

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A BOA E VELHA PENEIRA


Um dia desses, eu estava na cozinha, fazendo um suco no liquidificador, mas como sempre, restaram uns pedaços que não foram triturados.  Foi preciso passá-los pela peneira e esmagar os grumos, que ainda estavam presentes.  Às vezes, depois disso, ainda sobra o que não é possível passar pela malha estreita.


E como minha imaginação viaja, sem precisar de ‘maionese’, eu tive um pensamento, sobre o que podemos e o que devemos fazer, levando em consideração, o que é possível ser feito.


O processamento do liquidificador é sempre automático, e na teoria, tudo é permitido ser colocado lá, desde que não seja coisa que danifique suas lâminas - é só despejar dentro dele.  O resíduo que ele não consegue liquefazer, é o que precisa ser visto com um pouco mais de atenção, pelo trabalho manual, de ser peneirado e ser avaliado, quanto a deixar passar ou não. É aí que está a questão, tem coisa que não passará mesmo que a malha seja larga.  Nesse caso, a malha funciona como um filtro, do que é conveniente ou não passar. Aqui ela se torna mais importante, do que o próprio liquidificador.


Muitas coisas na nossa vida, fazemos automaticamente.  Noutras, nos deparamos com dificuldades de ‘processar’ e mesmo que, nossa intenção seja dissolvê-las por completo,  depois ainda, de forçar essa passagem, haverá detritos restantes, que é melhor que sejam  descartados.


arte __ mila marquis