1708
TEMPO DE REFLEXÃO
Deixei doer o quanto precisou. Não a substituí por qualquer coisa efêmera, não amordacei sua boca, só olhei-a nos olhos e lhe prestei atenção. Porque ela deve gritar, xingar e esbravejar; até maldizer se for o caso, até sussurrar, se assim o quiser. Não importa de qual linguagem se sirva, para se fazer clara, devo acolhê-la e dar-me tempo de reflexão.. Pois ela é a entidade mais gabaritada, ela e só ela conhece as origens de si mesma. Reivindica ser escutada, olhada, sentida, compreendida, antes que se dê por satisfeita. Talvez ela nem acredite em milagres, mas o melhor dos unguentos é ver-se legitimada.
A dor? Ainda dói e vai doer, mas dói diferente, porque dói entendida.
arte __ brendda lima