domingo, 16 de junho de 2024

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DE CRAVO PARA NARCISO

Narciso se juntou à rosa, do lado de um grande espelho, e o espelho era só dele.  Narciso não via a rosa, só via seus espinhos; na sua arrogância dizia: que ela era feia.  Sabemos por quê, porque ela não era espelho!

Narciso adorava um palco, o protagonismo, a glória, o refletor, era jovial e sedutor.  No escuro, fora dele, tirava a fantasia, o verniz, e se sentia à vontade, para ser o que ele era de verdade – um tirano rabugento.  Mais forte do que todos os espinhos da rosa, era a couraça do Narciso – dura, perigosa e ferina, fazia dele um ser agressivo e insociável.

Mesmo mudando de cravo para narciso, acho que todos sabem como acaba a estória: a rosa despetalada e o Narciso afogado em seu próprio ego.

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