1660
Narciso se juntou à rosa, do lado de um grande espelho, e o espelho era só dele. Narciso não via a rosa, só via seus espinhos; na sua arrogância dizia: que ela era feia. Sabemos por quê, porque ela não era espelho!
Narciso adorava um palco, o protagonismo, a glória, o
refletor, era jovial e sedutor. No
escuro, fora dele, tirava a fantasia, o verniz, e se sentia à vontade, para ser
o que ele era de verdade – um tirano rabugento.
Mais forte do que todos os espinhos da rosa, era a couraça do Narciso – dura,
perigosa e ferina, fazia dele um ser agressivo e insociável.
Mesmo mudando de cravo para narciso, acho que todos sabem
como acaba a estória: a rosa despetalada e o Narciso afogado em seu próprio ego.
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